Quando me mudei pra SP me senti feliz quando 'pisei' nas terras paulistanas. Achei tudo tão grande, e fiquei mais feliz ainda quando recebi meu primeiro salário - na época R$321,00 reais. E também a primeira vez que ouvi a voz dos meus pais do outro lado da linha no telefone, e quando chegava em casa depois de um dia cheio de trabalho.
Mas até o dia em que sofri um acidente de carro,
Fiquei internada cinco dias em função de uma cirurgia pra reconstruir meu nariz, e com três dias eu não via a hora de voltar pra casa. O mais surpreendente é que eu sentia vontade de voltar pra casa, não pra fazer grandes coisas - voltar ao trabalho ou sair pra balada por exemplo - eu sentia vontade de voltar pra casa pra fazer meu café! Sentir o cheiro do café ao ser passado, colocá-lo na xícara e sentar em frente ao computador pra conversar a toa na internet. Essa imagem não saiu da minha cabeça enquanto não tive alta do hospital, e quando cheguei em casa a primeira coisa que fiz, foi fazer o café. Apreciei aquele momento como nunca havia feito antes. E até hoje quando sinto o cheiro de café ao ser passado, em qualquer lugar que eu esteja, eu me sinto feliz.
Descobri, que o que mais me faz feliz, não são as grandes conquistas que eu imaginava que seria quando morava no sítio do interior - claro que conseguir aquele emprego tão sonhado ou comprar o carro do ano faz qualquer um feliz - mas é uma felicidade passageira.
A maioria das pessoas acha que é feliz, quando as coisas andam bem ou quando isso ou aquilo acontece: quando consegue aquele emprego, ou aquela pessoa, ou aquela casa, ou aquele relacionamento. Quando coisas boas acontecem, ficam felizes...quando não acontece nada, ficam de mau humor ou desanimadas com a vida. Perdem sua felicidade passageira assim que algo começa a dar errado, não têm uma felicidade interna própria.
Sentir o cheiro de pão de queijo assando, o café ao ser passado, ler um bom livro, dormir até tarde, assistir um bom filme, encontrar dinheiro nos bolsos... é a melhor felicidade que alguém pode sentir.
A felicidade permanente que todos queremos e buscamos desenfreadamente, está mais perto do que imaginamos - nas pequenas coisas que fazemos no dia-a-dia. E o melhor de tudo: não depende de outras pessoas, nem do tempo, nem de circunstâncias e é de graça.